Quem sou eu

Santa Maria/Cruz Alta, Rio Grande do Sul, Brazil
Tome sua dose de Litera Rock ou cale-se para sempre!

14 de dez. de 2011

16 de set. de 2011

“MARIANA E SEU QUARTO COR-DE-ROSA”

Jamais esperava que a vida fosse lhe pregar tal peça, pobre menina. Seu coração ficou partido, assim como o seu espelho, que se quebrou ao cair da parede do seu quarto cor-de-rosa. Os contos de fadas não existem garota, lá fora as ruas são negras, as pessoas são duras e frias, frias como os mais longínquos montes da Patagônia. Por isso lhe digo criança, não tenha pressa em crescer, viva somente o agora, cure suas feridas, brinque com suas bonecas e espere que o sol volte a brilhar para que possas abrir as janelas do seu quarto cor-de-rosa.



(Trecho da música PAINT PASTEL PRINCESS da banda SILVERCHAIR)


She tastes the candy
Sugarless, cancerous
Crave cocaine cop shows
 I’ll beg you, beg you

(Por Marcelo Rosa)

15 de set. de 2011

LIMBO

As luzes das fogueiras vão ficando cada vez mais distantes e as pedras de nuvens cada vez mais altas, os ventos nos empurram com muita força, e uma dor imensa invade nossos olhos, que medrosos choram. É triste viver longe da terra firme, é frio viver perto do céu. Aqui não existe amor, não tem um porto seguro, só pedras de nuvens e luzes de fogueiras distantes. As pessoas são jovens e modernas, os jornais destacam novas notícias todos os dias e as crianças não têm asas. Abram as portas, nos deixem sair, estamos descontextualizados aqui, nossas almas e nossos corpos se perdem constantemente e depois se encontram perto das pedras de nuvens e das luzes de fogueiras distantes que estão por todas as partes.

 (Jesus no Limbo por Domenico Beccafumi.)




SITTING IN LIMBO

Sitting here in limbo
Waiting for the tide turn.
Yeah, now, sitting here in limbo,
Meanwhile, they’re putting up a resistance,
But I know that my faith will lead me on…
(Por Marcelo Rosa)

“... Romance a 100 por hora...”

Perdeu-se nos teus olhos, mas não pode se perder. A estrada é sinuosa, o motor é uma arma engatilhada na sua cabeça e a música do seu velho rádio é brisa em seus cabelos. Não se sabe até quando irá jogar esse jogo, não se sabe até quando vai fugir dessa estrada, só se sabe que quanto mais tenta escapar, mais se prende em você. 


(Trecho da música ME LEVA PRA CASA da banda BANDALIERA)

Ligo o rádio do meu carro
E pego a estrada, nem sei pra onde eu vou
Ponho os óculos escuros
E deixo a mente apertar o acelerador...

(Por Marcelo Rosa)

13 de set. de 2011

"TUDO QUE VAI"

Mãos trêmulas, boca seca com um terrível gosto de solidão, euforia e perversidade. Os pés seguem em frente, não sabem ao certo para onde devem ir. A casa ficou vazia desde que ela se foi, o dia virou noite, a noite virou labirinto, e oco ficou o peito do velho homem. A cabeça doía, os olhos queimavam na fumaça do cigarro e o chão ruía sob seus sentimentos. Nada, absolutamente nada fazia sentido, afinal, o mundo acabará de terminar, não para os outros, e sim para o velho homem das mãos trêmulas e peito oco. 


(Trecho da música tudo que vai da banda Capital Inicial)

...Hoje é o dia
E eu quase posso tocar o silêncio
A casa vazia.
Só as coisas que você não quis
Me fazem companhia
Eu fico à vontade com a sua ausência
Eu já me acostumei a esquecer...

(Por Marcelo Rosa)

12 de set. de 2011

ALCOVITEIRO

Ontem, recebi a ilustre visita do meu velho amigo tempo, era por volta das 20 horas quando ele chegou. Convidei-o a entrar e passar até a sala de estar. Acomodamo-nos nas banquetas estofadas em couro de búfalo e degustamos um bom café. “Charlamos” um pouco sobre as razões da vida, o clima e as plantações de alho no continente asiático. Depois dessa abreviada conversa, observei que meu amigo mudara totalmente suas feições, e assim começou a despejar o real motivo de sua visita. Contou-me em um tom suave de voz, que eu devo estar preparado, pois em mais alguns anos a morte virá me visitar e espera que eu esteja com minhas malas prontas. Ao receber a notícia, simplesmente respirei fundo, olhei para o alto e falei: Eu não tenho medo do fim e minha bagagem está pronta há muitos anos, estou satisfeito por tudo que fiz até agora e não espero que a vida possa me dar mais coisas além das que tenho. Meu amigo fitou-me nos olhos, esfregou as mãos lentamente, levantou-se e pediu para que eu, o acompanhasse até a porta. De pronto fiz, e com um breve abraço nos despedimos.  




Sobre o Tempo
(Nenhum de Nós)

Os homens trocam as famílias

As filhas, filhas de suas filhas
E tudo aquilo que não podem entender
Os homens criam os seus filhos
Verdadeiros ou adotivos
Criam coisas que não deviam conceber

O tempo passa e nem tudo fica

A obra inteira de uma vida
O que se move e
O que nunca vai se mover.. êê,êê

O tempo passa e nem tudo fica

A obra inteira de uma vida
O que se move e
O que nunca vai se mover.. êê,êê
Se mover... êê,êê

O passado está escrito

Nas colunas de um edifício
Ou na geleira
Onde um mamute foi morrer
O tempo engana aqueles que pensam
Que sabem demais que juram que pensam
Existem também aqueles que juram
Sem saber

O tempo passa e nem tudo fica

A obra inteira de uma vida
O que se move e
O que nunca vai se mover... êê,êê

O tempo passa e nem tudo fica

A obra inteira de uma vida
O que se move e
O que nunca vai se mover.. êê,êê
Se mover.. êê,êê

O tempo passa e nem tudo fica

A obra inteira de uma vida
O que se move e
O que nunca vai se mover.. êê,êê

O tempo passa e nem tudo fica

A obra inteira de uma vida
O que se move e
O que nunca vai se mover..
Se mover...


  
(Por Marcelo Rosa)

9 de set. de 2011

"CAVALEIROS ANDANTES"


(Trecho do livro Dom Quixote de Miguel de Cervantes)

“À beira da estrada, o cavaleiro da triste figura e seu fiel escudeiro encontram abrigo e deparam com o Pe. Tomás e o barbeiro Nicolau, amigos da aldeia onde moram e que estão à sua procura. Os dois convencem Sancho a ajudá-los e acabam levando, mais uma vez, e agora enjaulado, Dom Quixote para casa. Lá, cansado doente e abatido pelos reveses e pelas surras que levara o fidalgo sossega. Até receber a visita do bacharel Sansão, que traz consigo um livro narrando As estranha aventuras de Dom Quixote. Com a fama, o cavaleiro tem seu espírito aventureiro revigorado e mais uma vez, convencendo Sancho Pança a acompanhá-lo, parte para a estrada, ainda guiado pelo amor de Dulcinéia, e pelo desejo de vencer o perverso feiticeiro e, com ele, as injustiças do mundo.”


Entre, vem correndo para mim
Meu princípio já chegou ao fim
E o que me resta agora
É o seu amor
Traga a sua bola de cristal
E aquele incenso do Nepal
Que você comprou num camelô...
E me empresta o seu colar
Que um dia eu fui buscar
Na tumba de um sábio Faraó...
Veja quanto livro na estante!
"Don Quixote"
"O Cavaleiro Andante"
Luta a vida inteira contra o rei

Joga as cartas
Lê a minha sorte!
Tanto faz a vida como a morte
O pior de tudo eu já passei...
Do passado me esqueci
No presente me perdi
Se chamarem
Diga que eu saí
Do passado eu me esqueci
No presente eu me perdi
Se chamaram!
Diga que eu saí...
Veja quanto livro na estante!
"Don Quixote"
"O Cavaleiro Andante"
Luta a vida inteira contra o rei

Joga as cartas
Lê a minha sorte!
Tanto faz a vida como a morte
O pior de tudo eu já passei...
Do passado eu me esqueci
No presente me perdi
Se chamarem
Diga que eu saí
Do passado me esqueci
No presente me perdi
Se chamarem!
Diga que eu saí...

“E hoje, num barzinho qualquer nas terras celestiais, Miguel e Raul saboreiam um bom café enquanto trocam algumas ideias sobre suas memoráveis obras.”

(Por Marcelo Rosa)

8 de set. de 2011

Gris

Estou no trabalho, mas os pensamentos estão longe... Nada mais importa nesse dia cinza, nem os planos, nem o tempo e muito menos as dores. E enquanto o frio assola a Europa Setentrional, continuo a meditar a mesma oração pedindo apenas um pouco de sol para esse dia cinza.


(Por Marcelo Rosa)

5 de set. de 2011

“O trabalho dignifica o homem.”

Mesas, cadeiras, papéis, computadores, telefones e pequenas conversas formais. Ah, como odeio tudo isso.


Honah Lee


(Por Marcelo Rosa)

25 de ago. de 2011

Uma notícia dessas não é todos os dias

 Google presta homenagem a Jorge Luis Borges nos 112 anos de nascimento do escritor

Desenho do logo do site nesta quarta é inspirado em dois contos do autor

O site de busca na internet Google prestou homenagem, nesta quarta-feira, a Jorge Luis Borges, nos 112 anos de seu nascimento, modificando o tradicional logotipo da página inicial com um desenho inspirado em dois contos do célebre escritor argentino. O logo 'doodle', com a versão, foi incluído nas telas de apresentação de todas as versões mundiais.



Inspira-se nos contos A Biblioteca de Babel e O Jardim dos Caminhos que se Bifurcam, mostrando a imagem de um ancião de terno e bengala, que olha através de um labirinto de escadas, edifícios e bibliotecas.

A ideia de Borges era a de uma biblioteca em que todos os possíveis livros existissem, representando o universo em sua infinitude, sendo impossível para qualquer ser humano conhecer um pedaço significativo do todo, por mais dedicado que fosse em sua busca.

Assim, numa tradução literal, um dos extratos deste conto diz que "O universo (que outros chamam a Biblioteca) compõe-se de um número indefinido, e talvez infinito, de galerias hexagonais, com vastos poços de ventilação no meio, cercados por varandas baixíssimas. De qualquer hexágono se veem os andares inferiores e superiores: interminavelmente", escreveu Borges.

"Pensei num labirinto de labirintos, em um sinuoso labirinto crescente que abarcasse o passado e o futuro e que implicasse de algum modo os astros", descreveu em O Jardim....

Um dos autores mais famosos do mundo nasceu no dia 24 de agosto de 1899, e soube misturar em suas obras fantasia e realidade; seus contos e poemas constituem peças únicas da literatura universal. O criador de El Aleph, Fervor por Buenos Aires e Ficciones, faleceu no dia 14 de junho de 1986, aos 86 anos em Genebra, onde foi enterrado.

Com seus originais 'doodles', o Google já homenageou, entre outros, a escritora sueca Astrid Lindgren, criadora de Pippi Meialonga, o escritor Robert Louis Stevensor, o músico Manuel de Falla e a pintora mexicana Frida Khalo. Entre os 'doodles' mais originais estava o preito ao escritor Julio Verne, no qual se podia viajar no oceano profundo, através do Nautilos.

22 de ago. de 2011

Rock'n rollero

                Rock'n rollero é um equivalente para 'roqueiro' na Argentina e pelo que me explicaram, Papo Blues é o maior de todos.



(Diego Eduardo Dill)

8 de ago. de 2011

Montparnasse

Montparnasse é um cemitério parisiense onde estão sepultados Julio Cortázar, Charles Baudelaiure, Guy de Maupassant e Samuel Beckett além do filósofo Jean-Paul Sartre. Também é o título de uma balada triste do músico cruz-altense Felipe Mello que em breve estará lançando o seu álbum 'O som da paisagem'. Enquanto o álbum não sai, você pode ouvir a canção no myspace do Felipe, ao lado de outras duas belas composições suas. Vale a pena conferir, afinal entre as referências do cara estão Vitor Ramil, Zeca Baleiro e Caetano Veloso. Ele também é integrante da super conceituada e alternativa banda pelotense Doidivanas. Fica a dica.


(Diego Eduardo Dill)



2 de ago. de 2011

XXX

Segunda-feira chuvosa. O expediente no trabalho acabou. O guarda-chuva espera na porta, sem ansiedade. Há tanta coisa por fazer, assim que colocarmos os pés na rua, mas estamos paralisados e temos uma visão clara do vazio de nossas vidas. Mas, assim que colocarmos o pé na rua, será como naqueles desenhos animados: a rua que parecia vazia, será tomada por veículos velozes, e tudo parecerá tão terrivelmente cômico. “Está tudo bem’, pensamos e seguimos em frente, que é exatamente o mesmo lugar em que estamos agora. 



25 de jun. de 2011


 Sobre o tempo

Nenhum homem deveria viver mais do que o seu tempo. Observe esta conversa quase filosófica entre dois roqueiros seqüelados.

 
            As declarações mostram que Wander Wildner não é apenas  um artista talentoso, mas que ele possui a compreensão sobre o seu tempo. Não é apenas o artista que não consegue se reinventar. Ele não vê razão em se reinventar. É como se ele estivesse preso a algo, não à sua classe e a algumas roupas, como no poema de Drummond, mas ao seu tempo.
As lendas do rock do passado ainda podem lançar bons discos, mas eles podem ser simultaneamente geniais e relevantes? Jimmy Hendrix, Janis Joplin, Jim Morrison precisavam fazer mais do que fizeram? Mesmo que eles fossem tão geniais, a época seria a mesma? Vale à pena estar vivo e condenado a cantar as mesmas canções descontextualizadas para um público envelhecido? São muitas as perguntas e insuficientes as respostas.

(por Diego Eduardo Dill)

23 de jun. de 2011


A inspiração do velho Iggy Pop



Essa semana tive a grata surpresa ao receber um scrap via Orkut do meu grande colega e amigo Geison Oliveira com um vídeo que conta de onde veio a inspiração do rockeiro James Newell Osterberg (Iggy Pop) para produzir o álbum Préliminaires. Este trabalho do velho Iggy reúne baladas jazz em francês e com efeitos eletrônicos. Estranho? Sim, mas muito bom.



Confere só de onde saíram as ideias da Velha Iguana do Rock!


Michel Houellebecq é um escritor francês, nascido na ilha Reunião, em 26 de Fevereiro de 1958 (de acordo com sua certidão de nascimento) ou 1956, segundo a biografia do jornalista Denis Demonpion. Seus romances Partículas Elementares e Plataforma lhe valeram uma reputação internacional de provocador, embora sejam também frequentemente considerados como um sinal de renovação da literatura francesa. Com o livro La Carte et le Territoire, Michel Houellebecq recebeu o prêmio Goncourt de 2010, o mais prestigioso da literatura francesa.  



A Possibilidade de uma Ilha é um livro com monólogos clássicos nos quais se mesclam provocações e uma visão fria e cruel da existência, o livro do polêmico autor francês traz a história de Daniel, protagonista que narra os últimos anos de sua vida. Ele descreve suas relações sexuais e amorosas com Isabelle e Esther, e seu contato com uma seita que assegura que o ser humano pode alcançar a imortalidade.

 


(Por Marcelo Rosa)

18 de jun. de 2011

O nascimento dos Cronópios

Saudações meus amigos! Depois de algum tempo afastado do blog por problemas pessoais, trabalho e faculdade, estou de volta para colaborar com meu companheiro Diego e com vocês. E já que estou voltando, quero que esse retorno seja em grande estilo. Por isso, quero compartilhar um vídeo onde o grande escritor argentino Julio Cortázar conta em entrevista a TV Espanha (TVE) em 1977 como nasceram os Cronópios, personagens de sua obra intitulada "Historias de cronopios y de famas." Obrigado pela atenção e até mais ver!


Quando os cronópios saem em viagem, encontram os hotéis cheios, os trens já partiram, chove a cântaros e os taxis não querem levá-los ou lhes cobram preços altíssimos. Os cronópios não desanimam porque acreditam piamente que estas coisas acontecem a todo o mundo, e na hora de dormir dizem uns aos outros: – Que bela cidade, que belíssima cidade! E sonham a noite toda que na cidade há grandes festas e que eles foram convidados. E no dia seguinte levantam contentíssimos e é assim que os cronópios viajam”



 História de cronópios e de famas, o sexto livro de Julio Cortázar, foi escrito em Roma e em Paris, no período de 1952 a 1959, e publicado em 1962, um ano antes de O jogo da amarelinha.

(Por Marcelo Rosa)


6 de jun. de 2011


Histórias de morte

O título da obra ‘A morte e a morte de Quincas Berro D’água’, de Jorge Amado passa a impressão de um equívoco. O certo seria ‘A vida e a morte de Quincas Berro D’água’. Essas palavras repetidas parecem um lapso do autor, mas então nos damos conta de que um novo sentido surge através do rearranjo das palavras.
O título do poema ‘Morte e vida Severina’ de João Cabral de Melo Neto também perece um erro. Todos sabem que a vida vem antes do que a morte, mas não para o retirante. Para ele, a morte vem antes porque ela é certa, a vida é que é incerta.
Se para Jorge Amado, a morte tem um sentido descontraído e para João Cabral de Melo Neto, um sentido social, para Raul Seixas, a morte mantém o sentido metafísico.  



30 de mai. de 2011


Caipiragem mambembe em grande estilo

Tábua de lavar, metro e meio de corda, balde de alumínio, uma colher de sopa, cabo de vassoura, banjo e violão. Eis a parafernália utilizada pelos Folk Brothers para fazer releituras de clássicos do blues, do folk e da música pop das décadas de 60 e 70.

Inspirados nas jugbands do oeste norte-americano, o trio de experientes músicos optou pela praticidade do formato mambembe para levar cultura e diversão ao público gaúcho.

O currículo dos artistas já seria motivo suficiente para assistir uma apresentação da banda. Renato Velho, que tocava banjo no conjunto de bluesgrass Trem 27, com o ex-TNT Márcio Petracco, carrega dois troféus do Prêmio Açorianos de Música de Porto Alegre: melhor disco infantil, pela trilha da peça de teatro O Corvo e O Espantalho (2003) e melhor instrumentista, pelo CD solo Estratosférico (2005).

Gustavo "Prego" Telles, como baterista da Pata de Elefante, recebeu o troféu de Melhores do Ano na categoria Revelação, também no Prêmio Açorianos, em 2005. Além disso, Prego já teve canções de sua autoria gravadas por importantes bandas gaúchas, como Acústicos e Valvulados (Quando o Amor Deixar de Ser) e Ultramen (O lugar mais lindo desse mundo).

Como guitarrista da Graforréia Xilarmônica, Carlo Pianta também é antigo freguês do maior prêmio de música da capital, ganhando o troféu de Melhor Banda, em 1995. Traz ainda passagens pelo De Falla e pela banda Expresso Oriente, de Júlio Reny. Em 2004, lançou o CD solo A Estrada Perdida.

Entretanto, como Folk Brothers, eles superaram o reconhecido talento musical e se revelaram excelentes professores. Seu show é uma aula sobre as origens da música negra americana, com direito a audaciosas defesas de teses e, porque não, divertidos causos, piadas e trocadilhos de última hora.

Ver uma banda gaúcha buscando as raízes de um estilo nascido entre a população pobre do interior dos Estados Unidos, reafirma a idéia de que todo regionalismo é universal em sua essência. Como diz o próprio Renato Velho, "não somos nada originais, mas com certeza somos autênticos".

http://www.zoomrs.com



26 de mai. de 2011


XXX

A sua barba precisava ser feita há alguns anos. Faltavam duas cordas no seu violão. Ele ficava sentado em uma escadaria, onde cantava por algumas moedas, mas ninguém daria moedas por sua alma. O diabo a teria de graça. Usava um surrado uniforme militar com uma medalha no peito que ostentava com orgulho, embora nunca tivesse sido soldado. No bolso, carregava papéis amarelados e recortes de jornal. Há quarenta anos, não via ninguém da sua família. Durante a sua vida, andara por muitos lugares. Em duas ocasiões, estivera com o diabo. Em todos os outros momentos, esteve sozinho. 

(por Diego Eduardo Dill)

20 de mai. de 2011


Sobre Metallica, Raul Seixas e Hemingway (e ainda AC/DC)



Apesar de contemporâneo, Hemingway ignorava os ideais das vanguardas literárias do século XX. Ele escrevia como Shakespeare ou Cervantes no final do século XVI, muito mais preocupado com os limites da alma humana do que com os limites da linguagem. O relato de ‘For whom the bell tolls’  ou ‘Por quem os sinos dobram’ é um diário de trincheira, a guerra vista do olho do furacão, inspirada na experiência do próprio Hemingway durante a Guerra Civil Espanhola.



Raul Seixas é o artista que fez do Rio São Francisco o seu Mississipi.  Ele soube reconhecer no mundo que o cercava uma cultura tão rica quanto a americana que invadia o Brasil a partir dos anos 50, fase do período (se é que se pode dizer isso) romântico do  rock’n roll, criando o originalíssimo rock baião. A sua obra musical é repleta de referências literárias, místicas, religiosas, políticas, da cultura de massa e da cultura popular formado um mosaico ainda não repetido na música brasileira. Ah, e ele também lia Ernest Hemingway.



Metallica é a banda certa na época errada. Já imaginou a carreira desses rapazes no início dos anos 70? ‘For whom the bell tolls’ é uma versão para o livro homônimo de Ernest Hemingway.

E já que estamos falando em sinos...



AC/DC é uma banda australiana que passa uma mensagem de auto-afirmação contra a massificação imposta aos jovens do mundo inteiro. 


(por Diego Eduardo Dill)

17 de mai. de 2011

Julio Cortázar e o jazz

Júlio Cortázar cita o jazz em sua obra e alguns autores verificam uma correspondência entre o gênero musical e a linguagem do mestre argentino. Para Davi Arrigucci Jr, em sua clássica obra ‘O Escorpião Encalacrado’, da qual o próprio Cortázar foi colaborador, o jazz é um instrumento de busca, um motivo de evasão do mundo cotidiano, uma promessa de paraíso. Ou, ainda de acordo com as próprias palavras de Horacio Oliveira, personagem de Rayuela, ‘una música bastante primitiva para alcanzar universalidade y bastante buena para hacer su própria historia’.



(por Diego Euardo Dill)

11 de mai. de 2011


XLII

Olhe para a mulher deitada na cama ao seu lado, não como você faz todos os dias, mas como se fosse a primeira vez. Remova a poeira dos anos, das mesmas conversas gastas na sala-de-estar. As suas palavras, os seus gestos ganharam vida própria. Eles antecipam os seus passos, aquilo que você iria dizer. Enquanto isso, os objetos se parecem a si próprios, mas não se deixe enganar com esta falsa impressão de realidade. Mesmo a mulher deitada ao seu lado deixou de ser a mesma, agora que você olhou para ela. Não responda nenhuma pergunta antes que seja feita. Guarde as suas palavras para o momento em que elas realmente serão ditas. Descarte todas as quinquilharias, você está muito velho para elas. Leve somente as idéias que puder carregar. Os anos passaram por você, que não viu. Agora é você que vai passar por eles, para, quem sabe, chegar antes ao final.

(Diego Eduardo Dill)