Ontem,
fui deitar pensando nela. Durante uns trinta minutos rolei pela cama,
sussurrando tudo aquilo que gostaria de dizer olhando dentro daqueles
olhos indecisos. Meu monólogo, não passou de um breve ensaio para o
dia em que realmente eu tenha coragem de declarar meus tolos
devaneios. Peguei no sono. Os sonhos tomaram conta do meu
inconsciente, mas não eram sonhos bons...Eram confusões vazias,
“Dulceneia” não estava neles, tinha ido embora, sem ao menos me
dar a chance de dizer o quanto a quero. Uma súbita dor invadiu meu
peito, era tão devastadora que de sobressalto despertei. Estava tudo
escuro, mas aos poucos meus olhos foram acostumando a escuridão do
meu quarto, e de certa forma ela foi ficando menos sufocante. Virei
levemente a cabeça para o lado e consegui ver a luz do relógio
digital, ele marcava exatamente 3:16 da madrugada. A noite era fria,
mas não era inverno, estávamos em outubro e na rua, tudo era
silêncio. Percebi que naquele momento eu estava realmente acordado e
tudo era real. Relaxei, respirei fundo e a imagem do rosto de minha
adorável amada surgiu em meus pensamentos. Quis ficar ali admirando-a o
resto da madrugada, mas não consegui. O cansaço de um dia fatigante
logo me entregou de bandeja nas mãos do Morfeu. Adormeci. Lutei
inconscientemente para não perdê-la novamente, foi em vão. A dor
voltou a secar meu interior e eu vaguei pelo resto da solidão tentando
encontrar um alento que me acalmasse. Malditos sonhos que me
atormentam, quando vão me deixar em paz? "Dulceneia" minha querida,
quem sabe um dia, Cervantes resolva te tirar das páginas do livro,
deixando-a bem longe daquele atrevido e louco cavaleiro que tanto lhe
venera e traga aos meus sonhos o amor que tanto espero, porque sem
ele, um homem não é nada além de um cadáver que caminha acordado
sob a luz do dia.
(Marcelo Rosa)
3 de out. de 2012
JukeBox
Litera Rock
Sem
esquecer que o Litera Rock também fala de música, o post trás “De
onde vem a calma” dos Los Hermanos. A faixa está no álbum
“Ventura” o terceiro trabalho dos caras que foi
lançado em 2003. Não para menos, “Ventura” foi considerado pela
edição brasileira da revista Rolling Stone como um dos 100 álbuns
mais importantes da música brasileira. Está é a boa dica. Se você
já ouviu, aproveite novamente, porque é uma obra que vale a pena
repetir e repetir. Se ainda não ouviu, vai lá...Deixe ela tomar
você pouco a pouco.
"De
Onde Vem a Calma"
Los
Hermanos
De
onde vem a calma daquele cara?
Ele
não sabe ser melhor, viu?
Como
não entende de ser valente?
Ele
não sabe ser mais viril
Ele
não sabe não, viu?
Às
vezes dá como um frio
É
o mundo que anda hostil
O
mundo todo é hostil
De
onde vem o jeito tão sem defeito?
Que
esse rapaz consegue fingir
Olha
esse sorriso tão indeciso
Tá
se exibindo pra solidão
Não
vão embora daqui
Eu
sou o que vocês são
Não
solta da minha mão
Não
solta da minha mão
Eu
não vou mudar não
Eu
vou ficar são
Mesmo
se for só
Não
vou ceder
Deus
vai dar aval sim
O
mal vai ter fim
E
no final assim calado
Eu
sei que vou ser coroado
Rei
de mim.
(Marcelo
Rosa)
28 de set. de 2012
(Imaginário
irreal)
Parte
II
Inesperadamente,
ele parou; já não havia mais solas em seus sapatos, nem percepção
de espaço, apenas o uivo, prolongado e agudo, do vento. Sentado na
beira da estrada, sentia-se como um cacto, retido em reflexões e
lembranças de outrora. Súbito, levantou-se e começou a caminhar
descalço pela areia, quente e áspera do deserto. À medida que
andava, fatigado e sem forças, suas
pernas cambaleavam em busca de equilíbrio. Por fim, deparou-se com a
única e resistente, árvore que ali estava. Cumprimentou-a e
perguntou:
-
Por quem espera velha árvore? – disse o viajante, surpreso ao
vê-la.
-
Espero pelo raio, corajoso viajante – respondeu ela. –
Antigamente, eu era forte, robusta e cheia de frutos. Por muito
tempo, fui testemunha de muitos pensadores que vinham até aqui para
desfrutar de minha sombra. Porém, hoje, sou uma simples e velha
árvore que espera pela tempestade. O sucesso arruinou-me.E de fato, pertencemos a tempos diferentes, porém com o mesmo acaso –
refletiu ele. Nesse momento, sentou-se próximo a ela, fumou um
cigarro e, repentinamente, adormeceu.
(Geison Oliveira)
27 de set. de 2012
(Imaginário irreal)
Parte I
No
meio do caminho nada era perfeito, haviam pedaços de segredo
espalhados por todas as partes. Andei vinte e poucos metros e avistei
ao longe, na estrada, duas velhas senhoras trocando xingamentos e
arranhões, numa ferrenha luta para ficar com o maior pedaço de
miséria que estava pendurado num galho de solidão. Primeiramente
fiquei parado, apenas observando, mas logo em seguida, perdi a
cabeça, corri até elas e gritei: Parem! Vocês não estão vendo
que estão assustando a imaginação com toda essa baderna?
Prontamente elas voltaram os olhos para mim e a mais triste delas me
perguntou esfregando as mãos: O bondoso senhor tempo, tens uma
moeda para me ajudar? Não, respondi. Meus olhos rapidamente se
abriram, e eu recomecei a viver na doce juventude dos meus 99 anos.
(Marcelo Rosa)
3 de set. de 2012
O
SARCASMO
Quebra
todas as vidraças, mas deixa as almofadas intactas e em seus devidos
lugares. Escova seus dentes e mesmo assim, tem um hálito
insuportável como se tivesse saboreado pequenos pedaços de guerra
e paz.
Rude
e sagaz, queima a carne
e serve a seus ilustres convidados com a mais pura sinceridade, que
herdou de seus antecessores. E sem a mínima intenção, torna-se
refúgio dos modestos e virtuosos
perante a sociedade recatada.
(Marcelo Rosa)
27 de ago. de 2012
ZOV
Ao
longe escuto o som da voz que se calou e que clama desesperadamente
para ser ouvida. Eu dou de ombros e sigo, nada mais importa...A dor
já vai passar, o tempo já vai mudar e o inverno ainda está aqui. O
barulho dessas palavram me enlouquece, cubro meus ouvidos com o
travesseiro que eu havia escondido atrás da insônia que deixei no
armário, bem ali, ao lado do som da voz que se calou.
...In restless dreams I walked alone
Narrow streets of cobblestone
'Neath the halo of a street lamp
I turned my collar to the cold and damp
When my eyes were stabbed
By the flash of a neon light
That split the night
And touched the sound of silence...
(Marcelo Rosa)
12 de fev. de 2012
Dostoievsky
Entre tantos convites e promessas, finalmente, cá estou colaborando, pela primeira vez, no blog Litera Rock. Então, como colaboração decidi escrever um pouquinho sobre o livro o qual estou lendo nesse exato momento. Crime e Castigo, assim intitulado, ultrapassa barreiras, classes sociais e busca no íntimo de cada personagem, o mundo oculto da consciência humana, o medo, a incerteza e a miséria. Publicado em 1866, numa sociedade desigual e decadente, tomada pela tradição czarista, Crime e Castigo é a segunda obra de Fiódor Dostoiévski. O romance narra à história de um jovem e pobre estudante de Direito, chamado Raskolnikov, que deixa a faculdade por falta de dinheiro. Assim, o sonho da família de vê-lo como um grande doutor, se desfaz. Deixo logo abaixo um video com um debate explicativo sobre essa grande obra de Fiódor Dostoiévski.
- Jasão chora os filhos mortos: Se você tá procurando amor
Deixe a gratidão de lado:
O que que amor tem que ver
Com gratidão, menino,
Que bobagem é essa?
Fazendo umas descobertas no You Tube, encontrei uma perola da música brasileira, Tom Zé. Não que eu o tenha descoberto apenas hoje, não é nada disso. Tom Zé já me havia sido apresentado há muito tempo, mais precisamente na música Preta Pretinha dos Novos Baianos. Uma pena que quando, tive a oportunidade de ouvi-la pela primeira vez, tal formação baiana já havia se desfeito. Mas voltando a descoberta que fiz, quero compartilhar aos amigos a incrível obra chamada "O Amor é um Rock" de um bom gosto ácido e sarcástico. Nessa canção, Zé exprime toda a realidade que nós, meros escravos do amor fingimos não ver.
“...O amor é egoísta...”
“...O amor é sem caráter...”
“...Sem alma, cruel, cretino, descarado, filho da mãe...”
“...O amor é um rock e a personalidade dele é um pagode...”
(Por Marcelo Rosa)
26 de jan. de 2012
I
Venha cá, veja esse sorriso estampado em meu rosto. Bonito, né? Ele reflete o quão feliz me sinto longe de você. Espere, não fique triste por ouvir essas palavras tão duras, não chore. Venha aqui, chega mais perto e olha bem no fundo dos meus olhos...Viu, está enxergando a minha alma? Não? Pois é, amor. Desde o dia que foste embora da minha vida, meu corpo se desprendeu da minha alma, que vive por aí a vagar na sua insistente procura. Não se iluda com o meu sorriso ele é apenas um refúgio luminoso de um corpo que perdeu a luz da alma.