(Imaginário
irreal)
Parte
II
Inesperadamente,
ele parou; já não havia mais solas em seus sapatos, nem percepção
de espaço, apenas o uivo, prolongado e agudo, do vento. Sentado na
beira da estrada, sentia-se como um cacto, retido em reflexões e
lembranças de outrora. Súbito, levantou-se e começou a caminhar
descalço pela areia, quente e áspera do deserto. À medida que
andava, fatigado e sem forças, suas
pernas cambaleavam em busca de equilíbrio. Por fim, deparou-se com a
única e resistente, árvore que ali estava. Cumprimentou-a e
perguntou:
-
Por quem espera velha árvore? – disse o viajante, surpreso ao
vê-la.
-
Espero pelo raio, corajoso viajante – respondeu ela. –
Antigamente, eu era forte, robusta e cheia de frutos. Por muito
tempo, fui testemunha de muitos pensadores que vinham até aqui para
desfrutar de minha sombra. Porém, hoje, sou uma simples e velha
árvore que espera pela tempestade. O sucesso arruinou-me.E de fato, pertencemos a tempos diferentes, porém com o mesmo acaso –
refletiu ele. Nesse momento, sentou-se próximo a ela, fumou um
cigarro e, repentinamente, adormeceu.
(Geison Oliveira)