Dica de Blog
Gostei demais deste conto(?) do meu colega de mestrado Vinicius Linné, do blog Anjo Maldito, e tomei a liberdade de reproduzí-lo abaixo com o devido crédito. Ah, se o professor Paulo ver isso.
Entre Cacos
É. Então é assim. Ontem você quebrou o caule das flores, hoje um copo, amanhã será um vaso vermelho. E você não conserta as coisas. Nunca. Passado um tempo, você empilha elas sobre a mesa e finge que estão como sempre estiveram. Como sempre deveriam estar.
Na mesa (quebrada) as flores (partidas) apodrecem no vaso (trincado). E você sorri, me abraçando como se tudo estivesse bem. Como se ruínas fossem belezas ainda frescas.
Não são.
Não são.
Eu vejo os vincos. Eu me corto nos cacos. Eu sei dos armários abarrotados de louça partida. Dos baús repletos de roupas rasgadas. Fiapos de cortina não cobrem o sol, meu amor.
É. Então é bem assim. Um dia você vai perceber que a única coisa inteira na casa toda é o espelho. Mas, se o espelho está inteiro, minha querida, então somos nós que estamos partidos.
(por Vinicius Linné)
(por Vinicius Linné)
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