Parte III
Ontem,
fui deitar pensando nela. Durante uns trinta minutos rolei pela cama,
sussurrando tudo aquilo que gostaria de dizer olhando dentro daqueles
olhos indecisos. Meu monólogo, não passou de um breve ensaio para o
dia em que realmente eu tenha coragem de declarar meus tolos
devaneios. Peguei no sono. Os sonhos tomaram conta do meu
inconsciente, mas não eram sonhos bons...Eram confusões vazias,
“Dulceneia” não estava neles, tinha ido embora, sem ao menos me
dar a chance de dizer o quanto a quero. Uma súbita dor invadiu meu
peito, era tão devastadora que de sobressalto despertei. Estava tudo
escuro, mas aos poucos meus olhos foram acostumando a escuridão do
meu quarto, e de certa forma ela foi ficando menos sufocante. Virei
levemente a cabeça para o lado e consegui ver a luz do relógio
digital, ele marcava exatamente 3:16 da madrugada. A noite era fria,
mas não era inverno, estávamos em outubro e na rua, tudo era
silêncio. Percebi que naquele momento eu estava realmente acordado e
tudo era real. Relaxei, respirei fundo e a imagem do rosto de minha
adorável amada surgiu em meus pensamentos. Quis ficar ali admirando-a o
resto da madrugada, mas não consegui. O cansaço de um dia fatigante
logo me entregou de bandeja nas mãos do Morfeu. Adormeci. Lutei
inconscientemente para não perdê-la novamente, foi em vão. A dor
voltou a secar meu interior e eu vaguei pelo resto da solidão tentando
encontrar um alento que me acalmasse. Malditos sonhos que me
atormentam, quando vão me deixar em paz? "Dulceneia" minha querida,
quem sabe um dia, Cervantes resolva te tirar das páginas do livro,
deixando-a bem longe daquele atrevido e louco cavaleiro que tanto lhe
venera e traga aos meus sonhos o amor que tanto espero, porque sem
ele, um homem não é nada além de um cadáver que caminha acordado
sob a luz do dia.
(Marcelo Rosa)
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